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ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA
UNIDADE
O
Regimento de Guarnição Nº1 embora sendo uma Unidade de criação
recente, cumpre-lhe a enorme responsabilidade de honrar o secular
património herdado das suas Unidades antecessoras. A sua existência
radica no sentimento e tradição cimentados ao longo de séculos e na
heróica e tenaz resistência ao domínio Castelhano desde o longínquo
dia 25 de Julho de 1581 em que, no local da “Baía da Salga” as
forças portuguesas constituídas na sua maior parte por populares
organizados em milícias, comandadas pelo Corregedor CIPRIÃO DE
FIGUEIREDO VASCONCELOS, impuseram às tropas Castelhanas uma pesada
derrota que manteve a Ilha Terceira como Território Português
independente, ainda que apenas durante mais de um ano. Pedro de
Merelim, grande cultor das coisas e da história desta terra escreveu
uma vez;
“ E
PORTUGAL JÁ FOI SÓ AQUI”
O Castelo de S. João Baptista, cuja construção
remonta há quatro séculos, está intimamente ligado com a união
dinástica ocorrida em 1580 entre Portugal e Espanha e a destroçada
resistência ao domínio Espanhol dos seguidores de D. António Prior
do Crato em 1583, na Ilha Terceira.
Em 1590 o então Filipe I de Portugal e II de Espanha,
ordenou que se construísse a Fortaleza de “San Philipe del Monte
Brasil de Isla Tercera”, cujo início teve lugar em 1592, segundo
planta de Tiburzio Spannocci (Arquivo de Simancas)
Em 1597 já se encontrava em forma de praça cerrada,
prolongando-se no entanto, os trabalhos até à segunda década de
seiscentos, tal o empenho de El Rei posto nesta obra, que enviou
navios da Biscaia atolados de ferramentas, bem como da Flandres com
madeiras, materiais de pólvora, bala, murrão e chumbo.
Decretou ainda aos tribunais que, nas sentenças dos
criminosos que merecessem ser lançados a galés lhes comutassem a
pena, remetendo-os às obras da Fortaleza de “San Philipe”.
Para a sua localização foi escolhido o Monte Brasil
que domina toda a cidade de Angra, protegendo as entradas nas Baias
de Angra e do Fanal ao longo de 5Kms de comprimento, constituindo o
que se julga ser, a maior fortificação espanhola em todo o Mundo.
A ocupação espanhola da terra portuguesa mantém-se
até ao ano de 1640, e nesta ilha até 6 de Março de 1642, após um
aturado cerco que durou um ano, culminando com a rendição da
guarnição espanhola sob o comando do então Governador D. Álvaro
Viveiros. A ocupação da histórica e importante Fortaleza é consumada
por ordenanças comandadas pelo Capitão João Bettencourt, nomeado
Governador Interino da Fortaleza.
A designação da Fortaleza passa, por alvará de 01 de
Abril de 1643, a ser de S. JOÃO BAPTISTA em memória do Rei D. João
IV.
Desde então para cá nem um só dia passou sem que nela
existisse Guarnição Militar.
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CONDECORAÇÕES
PRÓPRIAS
Nada a referir
HERDADAS
DO RIAH
Medalha de Ouro de Serviços Distintos de Guerra
Dec Lei 34/80 – 29MAI1980.
D. R. – 1ª Série, nº 124 de 29MAI1980.
Ordem do Exército nº 5, 1ª Série de 1 de Maio de 1980, pág. 274.
DIA FESTIVO – FACTO COMEMORADO
No dia 25 de Julho de 1581, os Espanhóis fizeram uma
tentativa para conquistarem a Ilha Terceira, tendo surgido uma força
de 10 navios em frente à Baía da Salga. Inicialmente desembarcaram
cerca de 200 homens armados e equipados e que atacaram a reduzida
guarnição portuguesa.
Foi dado
o alarme, pelos sinos que tocaram a rebate, e a população acorreu ao
local do ataque. É nesta altura que surge a figura de BRIANDA
PEREIRA, mulher famosa, que armou as mulheres válidas da zona e que
combateu valorosamente o invasor. Apesar da coragem destes
combatentes, a sorte mostrava-se adversa. É então que FREI PEDRO,
uma outra figura célebre, se lembra do gado bravo e pensa em
largá-lo no local de combate. A população, sem perda de tempo,
tratou de reunir as cabeças de gado e pôr em prática a ideia de Frei
Pedro. O resultado foi a expulsão dos invasores, os quais só
voltaram dois anos depois, em 1583 sob o comando de D. ÁLVARO DE
BAZAN, MARQUÊS DE SANTA CRUZ e terem então conquistado a ilha
Terceira.
É portanto baseado neste feito das gentes da ilha,
que o Regimento foi buscar a data para festejar o dia de mais alto
significado pelo patriotismo, pelo forte querer, pela astúcia, pela
garra, numa palavra, pelo portuguesismo revelado que serve como
exemplo à Unidade sedeada nesta ilha e que anualmente se revive em
cerimónia militar realizada na Baía da Salga, onde se encontra o
monumento comemorativo do histórico acontecimento.
PATRONO DO RG1
Por despacho de 17 de Dezembro de 1993 do General
CEME, foi considerado como patrono do RG1 o célebre patriota do Séc
XVI, de seu nome completo CIPRIÃO DE FIGUEIREDO VASCONCELOS, nascido
em Alcochete. Ao seu patriotismo e indomável energia se ficou
devendo a resistência oposta pela Ilha Terceira às armas de D.
Filipe II, de Espanha. Tendo sido sempre muito dedicado a D. António
“Prior do Crato”, que o mandou como corregedor para a Terceira,
quando assumiu a autoridade e o título de Rei de Portugal. Quando
Filipe II foi proclamado na Ilha de S. Miguel, Ciprião de Figueiredo
mantinha com energia o governo de D. António, na Terceira, auxiliado
pelos padres Franciscanos e despertando grande entusiasmo nas
populações em torno da causa de D. António, inviabilizando os
esforços que o monarca Espanhol fazia para se apossar da Ilha, então
a única parcela de território Português ainda independente do
domínio de Espanha.
Por este facto, procurou Filipe II, por intermédio de
D. Pedro Valdez, em 25 Julho de 1585, dominar a Ilha com uma
esquadra, donde conseguiu desembarcar forças relativamente
importantes, ficando célebre o estratagema de lançar contra elas
manadas furiosas de gado, que levaram à desordem entre as tropas,
depois completamente rechaçadas pelos açorianos.
Posteriormente, após a ocupação da Ilha, Ciprião de
Figueiredo partiu para França em 1601, onde ficou ao serviço de
França e aí veio a morrer por ferimentos recebidos em campanha.
Por todos estes factos, Ciprião de Figueiredo é
considerado um exemplo de Honra e Lealdade da história Portuguesa.
BRASÃO DE ARMAS RG1
(Despacho Nº33/CEME/98)
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Carta de Filipe II ao Governador
Ciprião de Figueiredo de Vasconcelos.
“Doutor Cypriam de Figueiredo, eu EI-Rei vos envio
saudar, não podendo deixar de crer de vós que cumprireis com
obrigação que tendes ao meu serviço e ao bem dessa ilha e a que
particularmente vos toca, me parece encomendarvos isto mesmo, que de
vós confio que fazendo vós assim como é de crer, não somente vos
perdôo as culpas passadas, mas que folgareis fazer mercê pelo
serviço que de vós nisto espero para que se escuzem os grandes danos
dessa ilha, e dos moradores dela e seu povo; indo sobre ela o
apercebimento que tenho mandado fazer de gente, navios, munições;
como tudo largamente vos dirá que vos esta minha carta vos dará.”
Em Lisboa a 14 de Outubro de 1581.
Resposta do Governador Ciprião
de Figueiredo de Vasconcelos.
“Vi a carta
que V. Magestade me mandou por Gaspar Homem, na qual me dizeis, que
não podeis deixar de crer de mim, que cumprirei com a obrigação, que
tenho a vosso serviço, bem como desta ilha com que particularmente
me toca: provera a Deus que tivera V. Magestade lembrança da em que
estais aos Reis de Portugal e principalmente ao Sereníssimo Infante
D. Luiz que com seus vassalos pessoas sempre em guerras ajudou ao
Imperador vosso Pai, porque nem as fizereis contra o reino com
El-Rei Antónío, seu filho, ofendendo tanto Deus Nosso Senhor nos
estragos honras, vidas, fazendas que causaste no meu, e os
Portugueses verdadeiros seus vassalos deixaremos de vos servir como
Rei cristão e a quem sempre amou a nação Portuguesa; mas que V.
Magestade se esqueceu de tão devida razão, e da sangue pelo muito
parentesco que tendes com os Reis de Portugal, nem a V. Magestade
lhe cabe que eu sirva como vassalo, nem a mim convém obedecer como
súbdito. Esta ilha e moradores são de El-Rei D. António, a quem
juraram por seu Rei e natural Senhor; assim pela sucessão do Reino
lhe pertencer, e o povo dela o ter eleito; como a Cidade e Câmara de
Lisboa isso escrever: as razões e justiça que para isso havia, não
posso eu crer que V. Magestade não as tenha muitas vezes passadas
pela memória ainda que outras não houvera mais que a eleição do
povo, que nesse Reino por muitos actos tem direito de nomear Rei
(falando descendentes adquiridos) bastará entrar V. Magestade nele
com mão armada, estando em litígio, para ainda que tivéreis muita
justiça perderdes todo vosso direito, mas em Deus confio que tudo
hade tornar ao estado, que nem V. Magestade por ocupar o alheio
perca sua alma, nem o que está por ora uzurpado deixe de vir ao
poder de seu dono não me tenha V. Magestade por atrevido: mas
julgue-me por desinteressado; prouvera a Deus que os homens tiverão
homens livres e pouco ambiciosos em seus conselhos; porque nem
El-Rei D. António chegara aos termos que o puzeram tamanhas
traições; nem V. Magestade o perigo de perder o céu, e pôr em risco
toda a cristandade. Coitado daquele que hade dar conta no final
juizo das honras, morte, fazendas de tantos, da liberdade e gosto da
vida; porque para quem se perdeu não haverá arrependimento que baste
em satisfação, por se lhe acabar o tempo. Se V. Magestade bem cuidar
da hora da morte que nos espera, e quantos males dela se nos hão--de
representar, e as penas, que pelos que tendes em Portugal feito
eternamente haveis de ter e justamente haveis de padecer
lembrando-vos tão perto estais de se vos acabar tudo. Ah! Como
dareis uma volta tão grande ao passado por que tudo se vos hade
então ser presente. Quanto melhor vos for a estar em vosso Reino
pacífico, vossos vassalos quietos, amado de todos os Reis Cristãos,
e servidor de todos os seus; que o que tendes feito em Portugal: não
somente os cristãos, mas todas as nações vos terão intrínseco ódio:
cuidai quantos inocentes matastes com o vosso exército: cuidai nas
honras das viúvas, e donzelas roubadas e nos gemidos que ante a
divina justiça estão pedindo de vós; lembro-vos quantas casadas por
adultério forçosas são apostatadas; os templos de Deus que
profanaram; as Religiosas que desonraram; a servidão em que pusestes
os moradores de Portugal; e finalmente tudo o que nele causastes,
que Deus tem tomado à sua conta o tomavo-la com rígurosa justiça:
como por um Reino que mais que todos no mundo nobilitou, dando-lhes
as suas sagradas chagas, com que nos redimio, por armas que foi
sinal e penhor de nunca o desamparar; as cousas que padecem os
moradores deste afligido Reino, bastavam para vos desenganar que os
que estam for a desse pesado jugo, quereriam ANTES MORRER LIVRES QUE
EM PAZ SUJEITOS; nem eu darei aos moradores desta ilha outro
conselho; porque não perca minha alma, nem minha honra, que trocarei
quantas vidas tivera, e pudera possoir para morrer leal ao meu Rei
que jurei; porque morrer bem é viver perpetuamente daqui me vém ter
mais conta com preservar até ao fim da vida nesta lealdade que temeu
os vossos apercebimentos de gente, navios e munições com que V
Magestade na sua me ameaça; porque confiando em Deus que peleja por
nós para os navios está o mar, e portes desta ilha aparelhados para
as munições as fortalesas e muitos poços para meter toda a gente que
nos vier buscar; a que não se perdoa: pelos males que resultam de
perdões. Não me ponha V. Magestade culpa, porque jurei a D. António
por meu Rei e Senhor, e de defender esta coroa, também fisera o
mesmo por vós se vos tivera jurado (posto que não o fizera com tanto
gosto) porque basta ser Rei Português; e se a desventura me chegasse
a estado que ficasse com vida sujeito, e por fazer o que devo me
mandassem matar: perdendo a vida pelo Senhor Rei D. António, então a
ganhava, e também não perderia a memória pela minha lealdade nem se
perderia a fama de Vossa crueza e sem justiça. Eu não sirvo a El-Rei
D. António por interesse (posto que dele se podiam esperar melhores
mercês que de nenhum outro Rei): mas sirvo-o com a pureza da minha
obrigação de que resulta não me moverem mercês prometidas; que foi o
laço em que caiu Portugal porque fora do que devo nenhuma cousa me
poderá mover a troco de vender a honra, e a lealdade que não tem
preço, nem há nenhum que tanto estimo, lição que a muitos fidalgos
esqueceu. Nosso Senhor leve a V. Magestade para o seu Reino, e
restitua o de Portugal ao seu amado Rei e Senhor D. António; como
seus verdadeiros e leais Portugueses desejamos.
Desta muito
nobre e sempre leal cidade de Angra, Ilha 3ª de Jesus Cristo em 13
de Março de 1582.
De Cypriam
de Fiqueiredo de Vasconcelos, Governador das ilhas dos Açores.”
Esta divisa
foi também, embora mais recentemente, adoptada para a Região
Autónoma dos Açores.
DESCRIÇÃO DO
ESTANDARTE DO REGIMENTO:
Estandarte quadrado,
medindo de altura 74 cm e de largura e 81 cm, contém o Brazão de
Armas da nossa Unidade, compostas por: um castelo de oiro iluminado
de azul, acompanhado de duas xaras do mesmo em pontas, quatro faixas
ondeadas de prata e verde. |
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PALÁCIO DO GOVERNADOR
(Construção
Filipina Sec XVI)
De
construção espanhola, foi durante de três séculos, a residência dos
Governadores do Castelo, espanhóis e portugueses, encontrando-se
situada na de Armas do Regimento. Nele esteve instalado D. Afonso
VI, quando foi deposto em 1669. Tendo aqui permanecido até 1674,
data em que embarcou para um novo exílio em Sintra. Posteriormente
serviu de sede ao Governo Provisório então criado por ocasião nas
lutas liberais chefiadas pelo General Francisco António de Araújo
que foi morto a tiro na praça desta Fortaleza em 04 de Abril de 1821
na sequência de um motim organizado por forças partidários da causa
absolutista. Presentemente nele se encontram as instalações do
Comando do RG1.
Ermida de Santa Catarina de Senna, ou
do Espírito Santo
(Construção Espanhola)
Em frente
do Palácio dos Governadores, e ainda na Praça de Armas, encontra-se
esta Ermida, de construção espanhola, que se destinava ao culto da
guarnição. Quando se deu a Restauração e a posterior conquista da
fortaleza, foi desocupada, tendo sido substituída pela igreja de S.
João Baptista.
Igreja de São João
Baptista
(Construção Portuguesa
1642)
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De
construção portuguesa, consta ter sido o primeiro monumento
construído em Portugal após a Restauração. D. João IV, por alvará de
1 de Abril de 1643, autorizou a sua construção. No entanto, e por
razões que se desconhecem, só no século XVIII foi aberta ao culto.
No dia 28 de Setembro de 1818 foi destruída por um violento
incêndio, voltando a ser aberta, após a sua restauração, em 1 de
Dezembro de 1867, para voltar a ser encerrada em 1892, em virtude do
culto ser prestado nas igrejas da cidade.
Em 1966,
abriu de novo ao culto, quer ao público, quer em cerimónias
militares.
Paiol
Novo, também conhecido por Casa da Pólvora
(Construído em 1849)
Edifício
onde esteve exilado o Régulo Gungunhana (1896)
O
Aquartelamento para além das construções referentes aos séculos XVI
e XVII, dispõe ainda de infra-estruturas construídas durante o
período da II Guerra Mundial destinados à instalação de parques auto
e oficinas, e também construções mais modernas, (modelo CANIFA)
destinados a alojamentos (Casernas) cozinhas, refeitórios e outras
infra-estruturas.
Os extractos sobre o
REGIMENTO DE GUARNIÇÃO Nº1, foram possíveis mercê da
cedência por esta unidade, da sua discrição histórica a quem
os gestores deste espaço, dedicado à nossa Companhia de Caçadores
4740 , ficam muito agradecidos.
A discrição histórica na sua totalidade,
pode ser pedida ao nosso companheiro Armando Faria, ver contactos.
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